quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

PROTOCOLOS PARA TREINOS COM PESOS PARA VARIOS PÚBLICOS. PARTE I

Ai vai protocolos usados para melhorar a segurança dos praticantes de Atividades  com Musculação.

Fonte: Livro: PERSONAL TRAINNING; 4ª EDIÇÃO; AUTOR WALACE MONTEIRO; EDITORA SPRINT.
 


No que concerne à freqüência semanal, a literatura apresenta
um certo consenso. Parece que um mínimo de três sessões associa-se a
ganhos significativos na força isométrica (DAVIES et al, 1988; ALWAY et
al, 1990; CAROLYN & CAFARELLI, 1992). Autores como Atha (1981) e
Fleck & Kraemer (1997) sugerem que, em certos casos, o treinamento
diário tende a produzir os melhores resultados. Obviamente, para que a
sobrecarga de esforço seja aplicada corretamente, o início do trabalho
poderá ser pautado em menores freqüências de treinamento, evoluindo
posteriormente. Contudo, é importante ressaltar que em indicações
especiais, como na reabilitação de algumas lesões ortopédicas, pode ser
indicada a realização de trabalhos isométricos diários numa primeira
instância (MONTEIRO, 1997).

Treinamento da Força Dinâmica
O treinamento da força dinâmica deve ser fundamentado nos
seguintes componentes: número de exercícios, seqüência de trabalho,
intensidade do esforço, número de séries e repetições,
intervalo entre os exercícios, freqüência semanal, forma
de condução e amplitude trabalhada nos exercícios. Estes componentes
funcionam como os elos de uma corrente, na qual um fator exerce
influência direta sobre o outro para o aprimoramento da força
(MONTEIRO, 1997).


Número de Exercícios

Para determinar o número de exercícios é necessário saber quais
as necessidades do praticante e o tempo para realizar o programa.
Posteriormente, os recursos materiais disponíveis devem ser levados em
conta. Monteiro & Farinatti (1996), através de um estudo conduzido em
não-atletas, verificaram que geralmente as sessões de treinamento são
compostas por oito a doze exercícios, envolvendo grupamentos
musculares variados. Os exercícios mais comuns foram:
desenvolvimento anterior e posterior, desenvolvimento supino, puxada
por trás, rosca bíceps e tríceps, remada ao peito, remada alta, extensão e
flexão dos joelhos, meio agachamento, leg press, flexão plantar do
tornozelo, abdução dos ombros e abdominais. Nas mulheres, também
foram verificados os exercícios de extensão, adução e abdução do
quadril.
Feigenbaum & Pollock (1997), em recente revisão sobre o
assunto, relatam que importantes entidades relacionadas ao estudo da
prescrição de exercícios, voltada para a promoção da saúde, preconizam
que o número de exercícios deva variar em torno de oito a doze.
Entretanto, quando o trabalho for voltado para o treinamento de atletas
ou indivíduos muito bem condicionados, o número de exercícios pode
diferir bastante.
Independentemente da população submetida ao trabalho, a fase
de treinamento também influencia no número de exercícios. Pode-se
assumir que a evolução do estado de treinamento implicará em um
maior repertório de exercícios.

Seqüência de Trabalho
Quanto à seqüência de trabalho, a ordem dos exercícios deve
evoluir dos grandes para os menores grupamentos musculares
(KRAEMER & FLECK, 1988; POLLOCK & WIL-MORE, 1993;
LILLEGARD & TERRIO, 1994; FLECK & KRAEMER, 1997).
Quando o praticante possui um elevado nível de aptidão, o
treinamento pode ser fracionado em mais de um dia. Neste sentido, é
comum observarmos seqüências que podem conter um dia de
treinamento específico para membros inferiores e outro, para os
músculos da porção superior do corpo. Outra característica importante
que envolve a seqüência de trabalho é a ordem de alternância dos
segmentos. Algumas pessoas preferem trabalhar de forma variada,
como, por exemplo, desenvolvimento supino, meio agachamento e
abdominal. Este trabalho é muito indicado para o iniciante, pois evita a
instalação de fadiga precoce, melhorando o rendimento nos exercícios e
reduzindo as possibilidades de lesões (MONTEIRO, 1997).
Outro recurso normalmente utilizado consiste em alternar os
exercícios de modo que o grupo muscular trabalhado não sofra muitas
variações. Como exemplo, podemos citar a seguinte seqüência:
desenvolvimento supino reto e crucifixo frontal. Neste caso, a seqüência
de trabalho evoluiu do maior para o menor grupamento, sem no entanto
alternar significativamente o segmento acionado.
O somatório de algumas características são fundamentais na
determinação da seqüência ótima de trabalho. Entre elas, podemos
citar o nível de aptidão do praticante, seu objetivo e as características
específicas da fase de treinamento
Intensidade do Treinamento
A intensidade do treinamento pode aproximar-se dos 100% de
uma repetição máxima (1RM) (HOLLMANN & HETTINGER, 1983;
BOMPA, 1986; ENOKA, 1988; WIL-MORE & COSTILL, 1988; FLECK &
KRAEMER, 1997). Além do nível de aptidão do praticante, o tipo de
força a ser trabalhada exerce uma influência direta na determinação
das intensidades de esforço requeridas.
Ressaltamos que cargas extremamente elevadas predispõem o
executante a um maior risco de lesões, implicando em maiores cuidados
durante a condução dos exercícios. Por isso, a evolução na sobrecarga
deve ser lenta e progressiva. Uma conduta que deve ser observada para
aumentar a segurança no treinamento diz respeito à técnica de
movimento. Cargas mais elevadas só devem ser prescritas quando o
praticante conseguir mobilizá-las perfeitamente.
Não é necessário realizar testes de 1 RM para determinar o
percentual de cargas a ser trabalhado. Um procedimento interessante é
estabelecer o número máximo de repetições a serem executadas, e
detectar qual é a maior carga que o indivíduo consegue mobilizar, para
conduzir os movimentos. Quanto menor o número de repetições
máximas executadas, maior será o percentual de carga trabalhada
(MONTEIRO, 1996, FLECK & KRAEMER, 1997).

Séries e Repetições
Embora a prescrição de três a cinco séries de seis a doze
repetições seja amplamente utilizada, o número ideal de séries para o
desenvolvimento de força ainda é motivo de controvérsia. Recentes
estudos demonstram que a melhoria percentual na força não varia
tanto em resposta a treinamentos realizados com uma a três séries
(FEIGENBAUM & POLLOCK, 1997).
Praticantes que desejam manter-se aptos fisicamente, realizam
trabalhos que compreendem três a cinco séries realizadas com dez
repetições. Um menor número de repetições associadas a uma maior
quantidade de séries é muito preconizado para indivíduos que desejam
desenvolver elevados níveis de hipertrofia (MONTEIRO, 1996). Fleck &
Kraemer (1988) preconizam que, nesse caso, o volume deve ser aplicado
através do aumento do número de séries, onde são mantidos esforços
com intensidades compreendidas entre 70 a 90% de 1RM.
Para treinar a esta intensidade de esforço, o número de
repetições deverá situar-se entre seis a oito. Pode-se inferir que no
trabalho visando à hipertrofia, o músculo deve ser exposto a elevados
níveis de tensões, sendo estas mantidas por um maior tempo possível.
Como seria inviável aplicar tensões que exigissem do músculo um
esforço próximo a 100% de 1RM através de muitas repetições, é
conduzido um maior número de séries realizadas com poucas
repetições.
Enquanto programas de treinamento que envolvem a realização
de seis a oito repetições máximas são considerados de alta intensidade,
aqueles que utilizam dez a quinze repetições são classificados de
moderada intensidade. Os programas de moderada intensidade são
recomendados para a maioria das pessoas adultas não-atletas,
incluindo programas desenvolvidos para aptidão física, manutenção das
saúde e reabilitação ortopédica (FEIGENBAUM & POLLOCK, 1997). É
importante ressaltar que estas características devem ser analisadas                
com cautela, visto a variabilidade de objetivos e graus de aptidão
apresentadas pelos praticantes.
Em relação ao aprimoramento da endurance muscular, o
treinamento deve ser conduzido através de um maior número de
repetições com menores limiares de carga. Estima-se que um número
de 12 a 20 RM seja apropriado para um bom desenvolvimento da
endurance muscular.
No que diz respeito aos limiares de esforço, Farinatti e Monteiro
(1992), enfatizam que não é necessário trabalhar com cargas elevadas,
pois o objetivo desta forma de treinamento é favorecer ao músculo um
maior aproveitamento de energia sem que se instale a fadiga. Desta
forma, no treinamento de resistência devem ser levados em conta
fatores como a produção e remoção de metabólitos como o ácido lático,
e suas interferências sobre os parâmetros fisiológicos que influenciam
no trabalho muscular.

Intervalos Entre os Exercícios
A amplitude do período de repouso entre as séries é um fator
importante do programa de treinamento, mas é comumente
negligenciado na confecção e realização do treinamento de força (FLECK
& KRAEMER, 1988). Ainda que existam normas e concepções
fisiológicas que norteiem os intervalos entre os exercícios, este é um
assunto que merece maiores investigações.
Os intervalos entre os exercícios dependem da duração e
intensidade com que o esforço é conduzido. É consenso na literatura
que o descanso compreendido entre as séries deve ser suficiente para
promover uma adequada ressíntese de ATP no músculo, favorecendo
uma nova seqüência de exercícios, sem o acúmulo demasiado de
metabólitos como o ácido lático. Exemplificando esta situação, pode-se
dizer que, ao realizar quatro repetições máximas em um exercício, o
sistema energético predominante na contração muscular é o ATP-CP.
Observações práticas demonstram que a duração desse esforço situa-se
em torno de dez segundos. Já quando são executadas dez repetições
máximas, o tempo em que o músculo ficará exposto à tensão poderá,
dependendo do exercício, chegar a Trinta segundos ou mais. Pode-se
notar que, em ambos os casos, o músculo foi submetido ao máximo de
repetições que conseguia desempenhar com suas respectivas cargas. No
entanto, como a duração do trabalho foi diferenciada, intervalos
distintos devem ser dados de modo a favorecer uma adequada
recuperação (MONTEIRO, 1997).
A recuperação da força após trabalho intenso como no primeiro
exemplo é rápida, pois a ressíntese do ATP nas fibras rápidas é
beneficiada devido às suas maiores concentrações de enzimas como a
miocinase e a CPK (TESCH, 1980). Isto significa que nem todas as
atividades que envolvem força máxima aplicadas por curtos períodos
necessitam de três a cinco minutos de recuperação para serem
repetidas, como por vezes é prescrito indiscriminadamente em qualquer
exercício suprido pelo sistema ATP-CP (FARINATTI & MONTEIRO,
1992). Em relação ao primeiro exemplo, pode-se assumir que,
dependendo do nível do praticante, intervalos de um a dois minutos
podem ser suficientes para a aplicação de uma nova seqüência de
esforço. No segundo exemplo, como o sistema do ácido lático é
predominante, um maior tempo deverá ser aproveitado antes de iniciar
outra seqüência de contrações. Neste contexto, os intervalos podem
variar de um a três minutos, dependendo do nível do praticante. Isto se
deve, principalmente, à variabilidade individual na capacidade de
produzir, suportar e remover os metabólitos provenientes do esforço
(MONTEIRO, 1997).
Independentemente do tempo, uma conduta que pode ajudar no
controle dos intervalos entre os estímulos é o acompanhamento da
sensação subjetiva de cansaço. Quando o praticante sentir-se apto,
uma nova série de exercícios poderá ser promovida (MONTEIRO, 1996).

Freqüência Semanal
O intervalo entre as sessões de treinamento deve ser suficiente
para promover uma adequada recuperação, evitando
o sobretreinamento. Entretanto, chamamos a atenção no
sentido de que um tempo muito longo de descanso entre as sessões
pode resultar em um destreinamento.
Para iniciantes, o treinamento de força geralmente é conduzido
duas a três vezes por semana. Essa freqüência tende a aumentar com o
grau de condicionamento do praticante, de modo que um número ótimo
de sessões situe-se entre três e cinco dias (HUNTER, 1985; ACSM,
1991; POLLOCK & WILMORE, 1993; WATHEN, 1994; FEIGENBAUM &
POLLOCK, 1997). Contudo, alertamos que em indivíduos bem-treinados
a freqüência adequada de treinamento pode chegar a seis vezes por
semana (FLECK &c KRAEMER, 1997).
Para estabelecer uma freqüência ideal de treinamento, os
principais fatores a serem levados em conta são: o nível de
condicionamento físico do praticante, o tipo de treinamento a ser
conduzido, a disponibilidade de tempo, a fase de treinamento e os
recursos disponíveis para a sua realização.

Forma de Condução dos Exercícios
A forma de condução dos exercícios vai variar em função da
carga suportada, o que incide diretamente na manifestação de força a
ser treinada. Como regra geral, pode-se assumir que quanto maiores as
cargas, menores serão as velocidades imprimidas e vice-versa.
No trabalho de força pura, o movimento, apesar de lento, é
realizado com a máxima velocidade para aquela resistência. Em
contrapartida, no trabalho de força explosiva diminui-se a carga mas
tenta-se manter uma alta freqüência de estimulação, através do
aumento da velocidade de movimento. Neste caso, a energia é menos
canalizada para suportar a carga, passando também a ter importância
para a geração de velocidade.
Uma das principais vantagens do treinamento dinâmico sobre o
estático, é a possibilidade de se desenvolver força em toda amplitude de
movimento. Além de estar relacionada à carga imposta aos músculos, o
recrutamento das fibras também sofre influências dos ângulos
trabalhados. Como relatam Astrand & Rodahl (1986), a possibilidade de
se gerar tensão muscular depende de uma interação ótima entre as
pontes transversas de miosina e os filamentos de actina. A partir daí,
existe uma faixa de variação no comprimento do músculo na qual ele
pode exercer sua tensão máxima. Quando o músculo é demasiadamente
alongado ou encurtado, a força produzida é menor. Hay (1988), fazendo
menção às propriedades bio-mecânicas do músculo, relata que em
função do segmento acionado e do tipo de alavanca requerida, a força
imprimida em distintos ângulos do movimento sofre variações.
No trabalho dinâmico, as fases da contração muscular também
exercem uma influência direta na capacidade do músculo produzir
tensão. No trabalho concêntrico, a força gerada promove um torque, no
qual o músculo é encurtado e o segmento é deslocado, no sentido da
força. Na contração excêntrica haverá um alongamento do músculo e o
segmento será deslocado no sentido oposto à linha de força
(MONTEIRO, 1997).
Mellerowicz & Meller (1987) relatam que no trabalho excêntrico o
músculo é contraído e alongado por uma força de ação externa. Este
alongamento promove um desenvolvimento passivo de tensão na porção
elástica dos músculos, favorecendo maiores possibilidades de gerar
força. No entanto, o risco de lesões aumenta, pois as tensões geradas
sobre os tecidos elásticos do músculo são extremamente elevadas
(NEWHAM et al., 1983; EVANS et al, 1986; EVANS, 1987).
Resumindo esta seção, apresentamos algumas normas básicas
para aplicação do treinamento de força dinâmica (tabela 19). Tal como
enfatizado no treinamento estático, as
normas aqui exibidas devem ser utilizadas com cautela, em
virtude da variabilidade de fatores que podem influenciar no
treinamento.


Trabalho de Força Aplicado a Crianças

Inúmeros estudos realizados em pré-adolescentes e adolescentes
foram relatados com a utilização de várias formas de resistência. A
maior parte das pesquisas realizadas mostrou que aumentes
significativos na força podem ser obtidos com um estímulo de
treinamento adequado (NIELSEN et al, 1980; SERVID, O et al, 1985;
RAMSAY et al, 1990; FUKUNAGA et al, 1992; LILLEGARD & TERRIO,
1994; BLIMKIE & BAR-OR, 1996). Evidências científicas apontam que,
em virtude de um sistema hormonal em desenvolvimento, limitando as
possibilidades de síntese protéica para hipertrofia muscular, os ganhos
de força em crianças são obtidos principalmente devido ao
aprimoramento do componente neural (WELTMAN
et al, 1986; BLINKIE et al, 1989; OZMUN et al, 1994;
BLINKIE & BAR-OR, 1996; STRINGER et al, 1998).
Quanto à opinião geral de que o treinamento com sobrecarga
prejudica o crescimento dos organismos jovens, esse é um conceito que
deve ser pesado com muito cuidado. É claro que precauções devem ser
tomadas mas, exercícios cujas cargas são adequadas ao estágio de
maturação, tendem a trazer benefícios (FARINATTI & MONTEIRO,
1992). O importante não é saber a idade com que se começa um
treinamento com pesos, mas conhecer a correspondência das cargas
usadas com as possibilidades da idade. Neste contexto, a determinação
da idade biológica pode ser de grande importância para aplicação das
cargas de treinamento em indivíduos jovens. Não é intuito deste texto
ater-se às técnicas usadas para a determinação da idade biológica. Para
os maiores interessados no assunto, literatura complementar pode ser
consultada (TANNER, 1962; OLIVEIRA & ARAÚJO, 1985; MALINA &
BOU-CHARD, 1991, FARINATTI, 1995).
Estudos envolvendo o treinamento de força, com o controle dos
efeitos intervenientes do crescimento e da aquisição da habilidade
motora, fornecem evidências convincentes de que o trabalho contra
resistência pode resultar em aumentos substanciais na força durante a
pré-adolescência (PFEIFFER & FRANCIS, 1986; HAKKINEN et al, 1989;
FUKUNAGA et al, 1992). Pfeiffer & Francis (1986), comparando as
respostas do treinamento de força em crianças, adolescentes e adultos
verificaram que, independentemente do nível de maturidade, podem ser
obtidos ganhos significativos da força. Blinkie (1993), em extensa
revisão sobre a treinabilidade da força em crianças e adultos, propõe
que em termos absolutos o pré-adolescente seja menos treinável.
Contudo, em termos relativos, a resposta ao treinamento pode ser a
mesma, se não maior, na dependência da intensidade e volume da
aplicação das cargas.
Weltman (1989), citando parecer da National Strength and
Conditioning Association sobre este assunto, relata que crianças prépúberes
demonstram ganho de força muscular como resultado do
treinamento e que o treinamento de força aumenta o desempenho motor
em crianças pré-púberes. Contudo, alguns cuidados devem ser tomados
para uma adequada prescrição dos exercícios.
O primeiro diz respeito ao gosto da criança pelos programas de
exercícios. Praticantes jovens necessitam de tempo para se adaptar ao
estresse do treinamento com pesos, e algumas crianças acham difícil
treinar ou não gostam do trabalho com sobrecarga em algumas idades.
Logo, aspectos como interesse, crescimento, maturidade e
possibilidades de compreensão influenciam a visão da criança e sua
segurança em relação ao treinamento com pesos (FLECK & KREMER,
1997).

O segundo aspecto a ser considerado diz respeito às
possibilidades de lesão que o treinamento pode causar em indivíduos
jovens. Blimkie (1993) ressalta que os ossos e articulações em
crescimento são mais suscetíveis a certos tipos de lesões que os
adultos, em especial as superfícies articulares, os discos epifisários e as
insersões tendões/ossos. Por isto, atenção especial deve ser tomada,
principalmente durante a condução dos exercícios em pré-adolescentes.
Uma conduta interessante que pode auxiliar na prevenção de lesões é
impedir que o trabalho com pesos seja realizado com cargas elevadas, e
que seja conduzido através de exercícios balísticos e extremos de
amplitudes articulares. Esta conduta preventiva parece ser relevante
não somente para o treinamento de força, mas para qualquer atividade
física direcionada a crianças.

 

Trabalho de Força Aplicado a Idosos
Quanto ao trabalho de força voltado para pessoas idosas, a
literatura tem reportado efeitos positivos, recomendando-o como parte
integrante em uma sessão de condicionamento físico geral (FRONTERA
et al, 1988; SHEPHARD, 1990; ACSM, 1991; VANDERVOORT, 1992;
ROGER & EVANS, 1993; DUPLER& CORTES, 1993; WILMORE &
COSTILL, 1994; FLECK Sc KRAEMER, 1997).
Frontera et al. (1988) submeteram um grupo de homens idosos
sedentários com idades entre sessenta e setenta e dois anos a um
treinamento com pesos de alta intensidade (80% de 1RM). Os
praticantes realizaram três séries de oito repetições, três vezes por
semana. A amostra demonstrou ganhos substanciais na força
(chegando até a 200% de 1RM) e evidências de hipertrofia muscular
também foram observadas. Charette et al. (1991) também observaram
aumentos no volume das fibras musculares ao examinarem biópsias
tomadas antes e após um treinamento de força de alta intensidade em
mulheres. Brown et al. (1990) estudaram homens sadios com idades
entre sessenta e setenta anos, submetidos ao treinamento de força
durante doze semanas. Os autores constataram aumentos médios de
40% nas cargas utilizadas nos exercícios e 17,4% na área em corte
transversal dos músculos, devido à hipertrofia seletiva das fibras do tipo
II.
Embora alguns estudos tenham verificado hipertrofia muscular
em idosos, a maior parte evidenciou apenas um discreto aumento no
volume muscular. As diferenças entre as pesquisas podem ser
atribuidas às distintas idades e formas de treinamento utilizadas.
Contudo, parece lógico afirmar que as possibilidades de hipertrofia são
inversamente proporcionais ao avançar da idade, principalmente a
partir do sessenta anos.
Fiatarone et al. (1990) observaram melhoras significativas da
força, em indivíduos com idades entre oitenta e seis a
noventa e seis anos, após oito semanas de treinamento. Os
praticantes treinavam a 80% de 1RM, sendo verificados aumentos
médios de 177% da força nos músculos do quadríceps. Tal ganho foi
acompanhado de uma melhora de 50% da velocidade da marcha, onde
20% dos praticantes conseguiram abdicar de suas bengalas para se
locomoverem. Isto é especialmente importante, visto que as quedas têm
sido uma das maiores causas de acidentes e lesões em idosos
(WOLINSKY & FITZGERALD, 1994).
Os estudos disponíveis indicam que, ao administrar-se um
adequado estímulo de treinamento, os homens e mulheres idosos
mostram ganhos similares, ou até maiores na força, quando
comparados a indivíduos jovens. Evidentemente, ganhos superiores em
relação aos praticantes mais jovens só são possíveis devido ao fato de os
idosos geralmente exibirem reduzidos graus de força. No entanto, é
importante ressaltar que os idosos são mais frágeis e as possibilidades
de lesões tendem a ser maiores que em indivíduos mais jovens, o que
implica em cuidados adicionais na aplicação das cargas (LIL-LEGARD &
TERRIO, 1994).
Uma prescrição segura e eficiente do trabalho de força em idades
avançadas deve encontrar seus alicerces na determinação das cargas de
esforço, bem como em seu ritmo de progressão. Dentro deste contexto, é
importante destacar que as sessões convencionais que envolvem o
trabalho de força podem ser desestimulantes, não encontrando grande
aceitação por parte dos idosos. Por isto, o treinamento deve ser
integrado a outras atividades que proporcionem uma redução do
caráter monótono que normalmente cerca a rotina dos exercícios para o
desenvolvimento da força (MONTEIRO, 1997). Outro ponto importante é
o conhecimento das características clínicas e da integridade do aparelho
locomotor do praticante, para a determinação do repertório de
exercícios (MONTEIRO et al., 1996). Adequando corretamente estes
aspectos às necessidades individuais dos idosos, o treinamento tenderá
a exercer efeitos favoráveis à saúde.
Alertamos para o fato de que os aspectos citados devem ser
analisados com cautela, em função da variabilidade de características
clínicas, morfológicas, fisiológicas e de aptidão física apresentadas pelos
praticantes.